Emergência da Floresta da Amazónia: Ação Vegan Dia dos Namorados

Jair Bolsonaro, o presidente do Brasil, não nega a sua intenção de fazer crescer a agroindústria em detrimento do meio ambiente. Já declarou abertamente que irá eliminar os ativistas no país e diminuir a fiscalização e as multas à indústria. Afirmou o seu desrespeito pela Constituição ao negar aos índios e quilombolas o direito a terras demarcadas. Já ameaçou acabar com o Ministério do Meio Ambiente, e apesar de não ter cumprido a ameaça, desmantelou algumas das suas estruturas e nomeou para esta pasta uma figura condenada pela justiça por beneficiar empresários ligados à mineração. Entregou também outras pastas estratégicas a pessoas não qualificadas, tais como a Ministra da Agricultura (que num mês já aprovou 28 agrotóxicos antes não utilizados), enquanto no Ministério de Relações Públicas extinguiu a subsecretaria que tratava das alterações climáticas.

O seu governo cumpre aparentemente com o prometido em campanha. Avança a qualquer custo com a destruição da floresta Amazónica, o sacrifício de milhares de vidas que ali habitam e o esgotamento dos recursos naturais, para manter uma economia alimentada por matérias-primas, cujo lucro é repartido por uma minoria. Desenvolvimento económico não é sinónimo de desenvolvimento social. O Brasil, como os demais países do Sul Global, sofre com as políticas impostas pelos países do Norte Global. Em vez de cumprir com a responsabilidade de conservar a Amazónia, cujo impacto alcança todo o planeta, o atual presidente não se envergonha de baixar a cabeça perante países como os EUA e manter as suas políticas irresponsáveis mesmo num momento em que todos os olhos estão voltados para as mudanças climáticas a ocorrer pelo Mundo.

O Climáximo está em total desacordo com as políticas praticadas pelo governo brasileiro, e apoia a ação pacifica que irá ocorrer na próxima quinta-feira (14/02) às 11 horas em frente à embaixada do Brasil.

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A Caminho da Greve Feminista Internacional | 8 de março de 2019

O QUE É?

A Greve Feminista é uma proposta feita pelo movimento feminista internacional, que convoca uma greve de mulheres como forma de protesto e revolta face às situações de precariedade e violência que invadem as nossas vidas. É o maior movimento mundial de mulheres de paralisação social das últimas décadas, acontece no dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

Convoca-se uma greve que transcende o sentido tradicional – a greve laboral -, para estendê-la ao âmbito da reprodução social, a esfera dos cuidados domésticos e familiares, assim como à vida estudantil e à sociedade de consumo. A Greve Feminista Internacional pretende unir as mulheres de todas as partes do mundo construindo redes de solidariedade, de apoio e de aprendizagem transnacionais.

PORQUE É QUE FAZEMOS GREVE?

• Porque em Portugal a violência machista mata, em média, duas de nós a cada mês;
• Porque somos 80% das vítimas de violência doméstica e 90.7% das de crimes sexuais;
• Porque não acreditam em nós quando denunciamos, e nos atribuem a responsabilidade das violências que sofremos;8mar01
• Porque somos as que vivem em alerta permanente, pelo assédio a que estamos sujeitas no espaço público e no local de trabalho;
• Porque é a nós que nos é exigida a conciliação entre a atividade profissional, a maternidade e avida familiar;
• Porque somos as mais pobres na sociedade;
• Porque somos as mais precárias no mercado de trabalho;
• Porque a desigualdade salarial faz com que trabalhemos 58 dias por ano sem receber;
• Porque o trabalho doméstico e de cuidados que sustenta a vida não é partilhado entre homens e mulheres e recai sobretudo em nós, é invisibilizado e desvalorizado;
• Porque a contratação de serviços domésticos reproduz muitas vezes várias desigualdades raciais, de género e de classe, porque é um trabalho frequentemente desenvolvido por mulheres migrantes e racializadas, sem contrato e sem direitos;
• Porque a educação que temos não é economicamente acessível a toda a população e ela
reproduz narrativas hegemónicas, coloniais e capitalistas e reforça as discriminações raciais, sexistas, de classe, de orientação sexual e de identidade de género;
• Porque rejeitamos a sociedade de consumo, que nos condiciona a liberdade e nos transforma em meras consumidoras;
• Porque recusamos a exploração dos nossos corpos e das nossas identidades, os estereótipos que ditam medidas-padrão, ideais de beleza formatados, gostos, comportamentos e promovem estigmas e discriminações;
• Porque estamos comprometidas com as lutas contra as alterações climáticas, contra a
dependência de energias fósseis e em defesa da soberania alimentar;
• Porque rejeitamos as guerras e a produção de armamento. Porque as guerras originam milhões de pessoas refugiadas, entre as quais muitas mulheres e crianças, vítimas de redes de tráfico humano e sexual, da pobreza e da destruição;

PARA QUE FAZEMOS GREVE?

• Para que a o fim violência machista seja uma prioridade da sociedade. Para que não nos matem, para que não nos violem; por uma vida livre de violências machistas;8mar02
• Para conseguir que os trabalhos mais necessários para a sobrevivência e bem-estar das pessoas e sustentabilidade do planeta se situem no centro e substituam aqueles que o destroem;
• Para que a igualdade salarial entre homens e mulheres seja uma realidade;
• Pela redução do horário de trabalho e igualdade nos tempos de descanso e de lazer;
• Para exigir responsabilidade social em relação ao trabalho dos cuidados, o que implica a corresponsabilidade dos homens e do Estado;
• Para que haja respostas públicas de socialização de tarefas domésticas e de cuidados como creches, residências assistidas e de cuidados continuados;
• Pelo direito a uma educação pública e gratuita em todos os seus níveis;
• Por uma educação afetivo-sexual livre de preconceitos sexistas e de livre de agressões machistas e lesbitransfóbicas;
• Para que os produtos de higiene, não poluentes e sem químicos, relacionados com o ciclo menstrual sejam gratuitos;
• Para que se altere a lei da nacionalidade. No mundo ninguém é ilegal! Quem nasce em Portugal é português/portuguesa!
• Para denunciar os efeitos das políticas de encerramento das fronteiras, das fronteiras que levantam muros e cavam valas comuns.

ONDE E COMO FAZEMOS GREVE?

No teu local de trabalho (greve ao trabalho remunerado)

• Se houver pré-aviso de greve do teu sindicato podes não ir trabalhar nesse dia;
• Se no teu trabalho for necessário assegurar serviços mínimos fazer campanhas de
sensibilização, com antecedência, para que estes serviços sejam prestados por homens.
Algumas mulheres não poderão faltar ao trabalho se não lhes são dadas as garantias laborais imprescindíveis, isto é, sem pré-aviso de greve não poderemos faltar ao trabalho mas todas podemos fazer algo:8mar03
• Fazer campanhas com antecedência explicando os motivos da greve no local de trabalho;
• Escrever uma carta ao teu sindicato a apelar a que convoque a greve, a Rede 8 de Março tem uma carta tipo para se enviar aos sindicatos;
• No dia 8 de Março informar sobre a importância da greve feminista e os motivos da greve durante o teu turno.

Em casa (greve ao trabalho doméstico)

• Não levar as crianças à escola
• Não sermos nós, mulheres a lavar a roupa, estender ou passar a ferro;
• Não sermos nós, mulheres as responsáveis por limpar, cozinhar, fazer as camas ou cuidar das crianças ou pessoas idosas.

Sabemos que deixar de cuidar durante um dia não vai provocar grandes mudanças, por isso convidamos a que isto seja o início de uma nova forma de organizar e partilhar os trabalhos de cuidados.

Na escola/faculdade (greve estudantil)

• Organizar previamente acções e debates sobre a greve na tua escola ou faculdade, convida as tuas professoras a participar também.8mar04
• Aprovar a greve feminista junto da associação de estudantes. Lembra-te que em Reunião Geral de Alunxs (RGA) basta haver uma proposta de greve votada e aprovada para vincular a associação de estudantes à greve, não precisas que a ideia parta da associação de estudantes a proposta pode vir das estudantes.
• Não ir às aulas no dia 8 de março.
• Organizar um piquete de greve no dia 8 de março à porta da tua escola/faculdade.

No dia a dia (Greve ao consumo)

Queremos parar de consumir, queremos parar a cidade, mas também queremos criar estratégias de consumo alternativo que respeitem os nossos direitos e as nossas vidas.
• Tentar não comprar nem consumir nenhum produto ou serviço além do imprescindível para a sobrevivência e o activismo nesse dia (electricidade, transporte, alimentos, comunicações, etc);
• Tentar evitar o consumo desnecessário de energia, de água, de papel e de plástico no dia-a-dia e pensar em formas de aproveitamento dos mesmos;
• Diminuir o uso dos aparelhos electrónicos ou investir em aparelhos que consumam menos e que sejam, tanto quanto possível, de produção justa;
• Escolher comércio de proximidade em vez de supermercados;
• Não escolher produtos sobre-embalados e divulgar a ideia de lixo zero (sobretudo com a comida);
• Consciencializar outras mulheres sobre o uso de métodos alternativos aos tampões e mais sustentáveis como o copo menstrual.

ONDE NOS ENCONTRAMOS NO DIA 8 DE MARÇO DE 2019?
Às 17h30 na Praça do Comércio na manifestação feminista
VIVAS, LIVRES E UNIDAS.
SE AS MULHERES PARAM O MUNDO PÁRA!
Rede 8 de Março

Gás Convencional, Groeningen, Code Rood – Entrevista com Lenny

Gás Convencional, Groeningen, Code Rood – Entrevista com Lenny from Climaximo on Vimeo.

PT | Ativistas do Climáximo estiveram em Ostrava, República Checa, na reunião da rede Climate Justice Action. Entrevistámos o Lenny, do coletivo holandês de ativismo climático, Code Rood.

Code Rood tem lutado contra infraestruturas de gás em Holânda durante vários anos e recentemente conseguiram parar os projetos de extração. Extração convencional de gás on-shore (em terra) estive a causar terramotos e problemas de saúde pública na região.

Lenny convida-te ao Camp-in-Gas, acampamento de ação contra gás fóssil e pela justiça climática, a ser realizado em Portugal no verão de 2019.

Mais informação sobre Code Rood: code-rood.org
Mais informação sobre Camp-in-Gás: camp-in-gas.pt

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EN | Activists of Climáximo were in the Climate Justice Action meeting in Ostrava, Czech Republic. We interviewed Lenny from the Dutch climate action collective Code Rood.

Code Rood has been fighting against gas infrastructures in the Netherlands for years and recently their mobilizations managed to stop the extraction. Conventional onshore gas extraction has been causing earthquakes and public health issues in the region.

Lenny invites you to Camp-in-Gás, action camp against fossil gas and for climate justice, to take place in Portugal in Summer 2019.

More information on Code Rood: code-rood.org
More information on Camp-in-Gás: camp-in-gas.pt

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Ação: Golpe à Galp

No final de 2018 , ativistas do Climáximo foram à Refinaria da Galp em Leça da Palmeira para apresentar uma fatura pelos danos causados por esta instalação ao planeta, a todos os seres vivos, ao ar, à terra e ao mar.

A refinaria da Galp ocupa o 6º lugar nas 10 principais instalações em Portugal responsáveis pela emissão de gases de efeito de estufa.

Golpe à Galp from Climaximo on Vimeo.

Camp in gás: Acampamento de Ação contra o Gás Fóssil e pela Justiça Climática

Novo ano, novas frentes: Vamos parar o gás!

Depois da vitória contra o furo de petróleo de Aljezur, a próxima paragem serão as infraestruturas e novos projetos de gás fóssil. Juntamo-nos a outros grupos na preparação de um acampamento de ação contra gás fóssil e pela justiça climática.

O acampamento chama-se Camp in Gás. Podes encontrar mais informações sobre o acampamento e a problemática do gás em: www.camp-in-gas.pt

Queremos preparar este acampamento coletivamente, em conjunto com toda a gente interessada em participar nesta luta. Subscreve a newsletter aqui para receberes as novidades: http://camp-in-gas.pt/newsletter/

Novo ano, novos desafios: Vamos preparar a maior ação de desobediência civil pela justiça climática em Portugal!

A urgência climática é cada vez mais difícil de ignorar. Também é cada vez mais difícil de ignorar que os governos e líderes políticos não estão de todo interessados em resolver o problema. Já não nos resta mais tempo para esperar. Somos nós aqueles de quem temos estado à espera.

Até 2020 vamos fazer uma escalada da mobilização. Juntamo-nos à campanha By 2020 We Rise Up, com uma grande mobilização pelo clima em 2019, contra uma infraestrutura de gás, e um levantamento em massa em 2020 por uma transição energética rápida e justa.

Mais informações: https://by2020weriseup.net


Preparações

 

VÍDEO: A cimeira do clima em Katowice não serve. Os trabalhadores precisam de mobilizar-se para exigir uma transição justa.

This video is based on a declaration written by unionist and climate justice activists, gathered in Lisbon in November 22nd-25th by the initiative of the Climate Jobs campaign in Portugal and the Rosa Luxemburg Foundation. The declaration was launched at the closing session of the 4th International Ecosocialist Encounters.

To read the full text in various languages and sign: actionnetwork.org/petitions/the-climate-summit-in-katowice-wont-do-the-workers-must-mobilize-to-demand-a-just-transition/ .

Acção com veleiros no Tejo diz NÃO ao projecto do aeroporto no Montijo

Este domingo à tarde, activistas juntaram-se em Lisboa para uma acção supresa em defesa do estuário do Tejo, contra o projecto do novo aeroporto de Lisboa previsto para o Montijo.

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Enquanto a cimeira do clima na Polónia continua com as negociações em que até relatórios científicos estão a ser negados pelos governos, dois veleiros fundearam em frente ao Terreiro do Paço e desembarcaram no Cais das Colunas, em pleno centro turístico, numa acção entitulada “Içar as velas pelo estuário do Tejo! Não ao novo aeroporto no Montijo”.

Com as palavras de ordem “Montijo com aeroporto, estuário morto”, “Justiça climática já!” e “Para deixar os combustíveis fósseis no chão, aumento da aviação não”, activistas tocaram percussões e distribuiram panfletos sobre o projecto de aeroporto do Montijo e sobre os impactos do sector da aviação.

Os activistas sublinham que a verdadeira riqueza de Lisboa é o maior estuário da Europa ocidental, um paraíso de biodiversidade bem mais antigo do que a cidade, a qualidade de vida que podem ter as suas populações, actuais e futuras, e contestam os voos de low cost e turismo em massa.

Os veleiros vieram da Bretanha, França, onde a população conseguiu travar a construção do mega aeroporto de Notre-Dame-des-Landes pela Vinci: a mesma multinacional que comprou os aeroportos portugueses.

Os activistas solidarizam-se com a população da região do Montijo, que verá a sua qualidade de vida comprometida, e com as pessoas que por todo o mundo, através da rede Stay Grounded resistem ao aumento da aviação – e constroem formas de transporte, de sociedade e de economia mais justos e ecológicos.

#StayGrounded


The pamphlet in English, distributed during the action

New Lisbon airport? – Everything you should know

The Portuguese government and the multinational corporation Vinci want to build a new airport in Montijo, in a current military base. They also want to expand the current Portela airport. And they leave open the possibility of building in the future a third airport from scratch.

The airport in Montijo is meant to open already in 2022 and to cost 400 million euros. The minister of environment says no strategic environment assessment is needed. The prime minister says there’s a “national consensus”.

Global temperatures are rising. In order to avoid climate chaos, we must reduce greenhouse gases in 80% in the next ten years.

There’s no means of transport as polluting as a plane. A flight causes 30 times more carbondioxide emissions than the same trip on a high speed train. Portela and Montijo airports working together would double the number of air traffic per hour – from 38 to 72 movements.

An airport in Montijo endangers the health and quality of life of over 100 thousand people as sound and air pollution increases the risk of depression and cardiovascular and respiratory diseases.

Tagus estuary is one of the most important in Europe and the largest humid area in the country. It is a biodiversity paradise, with hundreds of thousands of migrant birds. Since the creation of Natura 2000, no airport was built on a European estuary, and two were dismantled. Specialists have also warned for the constant danger of bird strike.

The new airport would open up Lisbon doors to one million tourists more every year. In Barcelona and Prague, which suffer the consequences of mass tourism, the pressure of tourism is of 5 tourists to each 1 inhabitant. In Lisbon it is already 9 to 1. Families, young and old people are kicked out of their houses, their neighborhoods, their city. Evermore Lisbon residents oppose this tourism monoculture.

Vinci, France-based multinational, is the largest construction corporation in the world. In 2012 it took advantage of Portugal’s crisis to take over the public company ANA Airports. Portugal at the time had a memorandum dictated by Troika (European Commission, European Central Bank and IMF), and this was the airports “deal of the year” according to World Finance magazine.

In the ZAD of Notre-Dame-des-Landes, France, activists managed to stop the construction of a massive airport by Vinci and the government, and occupied the territory to try out alternatives.

Is it up to a multinational, politicians’ cabinets and the tourism industry or is it up to every single one of us to decide what to do with our rivers, our cities, our climate and our planet?

Todas estamos convocadas: Manifesto Greve Feminista Internacional 8 de Março 2019

Juntas somos mais fortes

A cada 8 de Março celebramos a união entre as mulheres e mobilizamo-nos em defesa dos nossos direitos. Somos herdeiras das lutas feministas e das resistências operárias, anticoloniais e antirracistas. Reclamamos o património das lutas pelo direito ao voto, ao trabalho com salário, a uma sexualidade livre e responsável, à maternidade como escolha, à habitação, à educação e saúde públicas. Por todo o planeta, somos as mais traficadas e as mais sacrificadas pela pobreza. Somos do país onde existem 6576 mulheres e raparigas vítimas de mutilação genital1. Somos as sobreviventes da violência de género, que em Portugal mata, em média, duas de nós a cada mês2, 80% das vítimas de violência doméstica e 90.7% das de crimes sexuais3. Somos as vítimas da justiça machista, quando esta fundamenta as suas decisões em preconceitos, e da cultura da violação, que desacredita a nossa palavra e desvaloriza a nossa experiência, procurando atribuir-nos a responsabilidade das violências que sofremos. Somos as que vivem em alerta permanente, porque o assédio no espaço público e no local de trabalho continua a estar presente. Somos múltiplas e diversas, de todas as cores e lugares, de todas as formas e feitios, com diferentes orientações sexuais e identidades de género, profissões e ocupações. Somos trabalhadoras, estudantes, reformadas, desempregadas e precárias, do litoral e do interior, do continente e das ilhas. Somos as invisíveis, as negras e as ciganas. Somos tu e eu, somos nós, somos tantas e tão diversas. A 8 de Março, mulheres em todo o mundo levantam-se em defesa dos seus direitos e mobilizam-se contra a violência, a desigualdade e os preconceitos. Porque as violências que sofremos são múltiplas, a Greve que convocamos também o é. No dia 8 de Março faremos greve ao trabalho assalariado, ao trabalho doméstico e à prestação de cuidados, ao consumo de bens e serviços e greve estudantil.

Basta de desigualdade no trabalho assalariado!

É a nós que nos é exigida a conciliação entre a atividade profissional e a vida familiar, razão que explica que sejamos as que mais trabalhamos a tempo parcial, o que originará reformas e pensões mais baixas no futuro, reproduzindo o ciclo de pobreza. Somos mais de metade das pessoas que ganham o salário mínimo, o que compromete a nossa autonomia financeira. As profissões em que somos a maioria da força de trabalho são muitas vezes social e salarialmente desvalorizadas. Nelas, as mulheres negras e imigrantes são as trabalhadoras mais exploradas e precarizadas. A diferença salarial é, em média, de 15.8%4, ou seja, para trabalho igual ou equivalente, os nossos salários são inferiores, o que faz com que trabalhemos 58 dias por ano sem receber. Os cargos mais bem pagos são ocupados por homens, embora sejam as mulheres as que mais concluem o ensino superior (60.9%)5. A desigualdade salarial com base no género está presente em todo o lado, nas empresas e instituições privadas e públicas. Exigimos salário igual para trabalho igual ou equivalente e a reposição da contratação coletiva como forma de proteger o trabalho e combater as desigualdades. Temos direito a um projeto de vida digno e autónomo: não somos nós quem tem de se adaptar ao mercado de trabalho, é ele que tem de se adaptar a nós. A gravidez ou os cuidados com descendentes e ascendentes não podem ser o argumento escondido para o despedimento ou a discriminação.

Basta de desigualdade no trabalho doméstico e dos cuidados!

Para além do trabalho assalariado, muitas mulheres, sem que a maior parte das vezes isso resulte de uma escolha, têm de desempenhar diversas tarefas domésticas e de prestação de cuidados e assistência à família. Este trabalho gratuito, desvalorizado e invisibilizado ocupa-nos, em média, 1 hora e 45 minutos por dia6, o que corresponde, durante um ano, a 3 meses de trabalho. A contratação de serviços domésticos reproduz muitas vezes várias desigualdades – raciais, de género e de classe, porque é um trabalho frequentemente desenvolvido por mulheres migrantes e racializadas, sem contrato e sem direitos. Reclamamos o reconhecimento do valor social do trabalho doméstico e dos cuidados e a partilha da responsabilidade na sua prestação. Propomos que este tipo de trabalho seja considerado no cálculo das reformas e pensões e defendemos o reconhecimento do estatuto de cuidador/a. Defendemos a redução do horário de trabalho e igualdade nos tempos de descanso e de lazer. Queremos respostas públicas de socialização de tarefas domésticas e de cuidados, das creches às residências assistidas e de cuidados continuados, das cantinas às lavandarias.

Basta de reprodução das desigualdades e do preconceito nas escolas!

Os currículos pelos quais estudamos continuam a contar a história dos vencedores, reproduzindo vieses de género, classe e raça. A praxe académica, onde o poder é exercido por meio da humilhação, reproduz violência machista, lesbitransfóbica e racista, estereótipos e preconceitos de género e objetificação dos nossos corpos. Defendemos o direito a conhecer a nossa história e a das resistências ao machismo e ao colonialismo, as alternativas económicas, culturais e ambientais. Exigimos o direito a uma educação pública e gratuita em todos os seus níveis. Reivindicamos uma escola da diversidade, crítica, sem lugar para preconceitos e invisibilizações, uma escola livre de agressões machistas e lesbitransfóbicas, dentro e fora das salas de aula, uma escola empenhada na educação sexual inclusiva como resposta ao conservadorismo.

Basta de estereótipos e de incentivos ao consumo!

Identificamos nos media, nas redes sociais, na publicidade e na moda a difusão da cultura machista. Rejeitamos a sociedade de consumo, que nos condiciona a liberdade e nos transforma em consumidoras. Não somos mercadoria e, por isso, recusamos a exploração dos nossos corpos e das nossas identidades, os estereótipos que ditam medidas-padrão, ideais de beleza formatados, gostos, comportamentos e promovem estigmas e discriminações. Porque exigimos ser protagonistas das nossas vidas e donas dos nossos corpos, recusamos o negócio em torno da nossa sexualidade e saúde reprodutiva e reclamamos a gratuitidade dos produtos de higiene.

Basta de destruição ambiental!

Recusamos as políticas neoliberais, porque elas são predatórias, destroem a biodiversidade, provocam alterações climáticas e originam milhões de migrantes ambientais, o que dificulta de forma muito particular a vida e a sobrevivência de mulheres, que, em muitas zonas do planeta, são quem se dedica à agricultura e tem a responsabilidade de prover a família de alimentos. Estamos solidárias com as mulheres indígenas que resistem à globalização e estão comprometidas com as lutas contra as alterações climáticas, contra a dependência de energias fósseis e em defesa da soberania alimentar.

Basta de guerra e de perseguição às pessoas migrantes!

Rejeitamos as guerras e a produção de armamento. Para saquear matérias-primas e garantir controlo geopolítico e económico, destroem-se culturas, dizimam-se povos e expulsam-se populações dos seus territórios. As guerras originam milhões de pessoas refugiadas, entre as quais muitas mulheres e crianças, vítimas de redes de tráfico humano e sexual, da pobreza e da destruição. Levantamo-nos pelo fim das guerras, pelo acolhimento das pessoas migrantes e em defesa da alteração da lei da nacionalidade. No mundo ninguém é ilegal! Quem nasce em Portugal é português/portuguesa! Todas estamos convocadas para a Greve Feminista. Todas temos mil e uma razões para protestar, parar, reivindicar. Fazemos Greve porque não nos resignamos perante a desigualdade, a violência machista e o conservadorismo. Fazemos Greve para mostrarmos que as mulheres são a base de sustentação das sociedades.

VIVAS, LIVRES E UNIDAS! SE AS MULHERES PARAM, O MUNDO PÁRA!

AÇÃO: Ativistas fizeram soar o “Climate Alarm” à frente da sede da petrolífera Australis contra os furos de gás na Zona Centro

Hoje, dia 8 de dezembro, enquanto a cimeira do clima COP-24 está a decorrer em Katowice, na Polonia, ações marcadas em mais de 160 cidades reuniram milhares de pessoas que exigiram uma verdadeira ação climática para limitar o aquecimento global por 2ºC.

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O dia de ação global foi denominado como “Climate Alarm” foi originalmente convocada em França e rapidamente multiplicou-se por 20 países em cinco continentes. Na convocatória, os organizadores sublinham que as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris no COP21 não são acatadas por nenhum dos países aderentes e que os compromissos assumidos, mesmo que respeitados, não são suficientes. Aliás, a sua implementação levaria a um aquecimento global superior a 3°C.

Em Lisboa, o “Climate Alarm” escolheu a sede da empresa Australis Oil & Gas na Avenida de Liberdade, uma vez que a Australis Oil & Gas pertende fazer furos de gás fóssil em Aljubarrota e Bajouca no próximo ano.

Depois da vitória dos movimentos sociais contra o furo de petróleo em Aljezur, os ativistas apontam para a Zona Centro do país como a próxima paragem da luta por um Portugal livre de combustíveis fósseis.

Nesta acção foram colocadas linhas vermelhas a envolver uma torre de exploração de gás e colocado um gigante cravo vermelho no cimo da torre de gás, à frente da sede da Australis Oil & Gas. As linhas vermelhas representam o limite que não devemos ultrapassar para vivermos num planeta habitável. Os activistas lançaram também as preparações dum Acampamento de Ação contra o Gás Fóssil e pela Justiça Climática, a ter lugar no verão 2019. Mais informações sobre o acampamento podem ser encontrados no http://www.camp-in-gas.pt .

Um gasoduto passou hoje pelo centro de Lisboa

A UE dá gás ao caos climático from Climaximo on Vimeo.

No dia de ação global contra Gás e Fracking, ativistas do Climáximo caminharam pelas ruas de Lisboa para chamar a atenção sobre o projeto de 160 km de gasoduto desde Guarda até Bragança, apoiado pela União Europeia. O negacionismo das alterações climáticas do governo português toma estende-se a todas as fases da exploração de combustíveis fósseis: desde furos de petróleo e gás em Portugal, passando por acordos de gás de fracking com Trump e a transformação do porto de Sines na porta de entrada desse gás na Europa, até à expansão de gasodutos para o transportar.

Temos de parar todos os novos projetos de combustíveis fósseis. Os ativistas transportaram um gasoduto onde se lia “A UE dá gás ao caos climático” e “Gás: tão natural como a extinção” até à sede do Banco Europeu de Investimento, para o devolverem. Ironicamente, o BEI também não quis aceitar a encomenda, pelo que os ativistas desmantelaram o gasoduto no local, visto afinal ninguém o querer.

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Mais fotos no Flickr.


A gas pipeline passed through the city center of Lisbon today.

On the global day of action #GasdownFrackdown, activists of Climáximo walked through the streets of Lisbon to highlight the 160km gas pipeline project from Guarda until Bragança, a project supported by the European Commission. The Portuguese government’s climate denialism extends from deep offshore oil drills to fracked gas agreements with Trump, from gas pipelines to increasing the gas capacity of the Sines port.

We must stop all new fossil fuel projects. The activists carried the gas pipeline which read “EU fuels climate chaos” and “Gas is as natural as mass extinction”, and wanted to return it to the European Investment Bank office. Ironically, the EIB also did not accept the delivery, so the activists had to dismantle the pipeline at the spot, seeing that no one wanted it after all.